

A Fogueira
Um dia destes, eu estava novamente contemplando o fogo.
Uma pequena fogueira, já tarde da noite e lá estava eu conversando com as salamandras e viajando nas pequenas labaredas.
Foi quando, em meio a minha pequena viagem que me veio á mente: Mas que ousadia, é preciso ter coragem para ativar esta força sobre a terra.
Percebi então que os Pajés estavam ali, vigiando, intuindo e ensinando.
Um poder imenso, um portal da dimensão ígnea atuando ali naquele terreno, sobre a terra.
Várias forças, várias regências atuavam ali.
Não demorou muito e percebi que os ciganos também haviam chegado. Saudei á todos e os convidei para compartilhar da fogueira.


Não que acender uma fogueira seja proibido, até porque a face de nosso planeta mudou á partir do momento que o homem passou a manipular essa energia ainda nas cavernas, tenho certeza que pouquíssimas pessoas, inclusive eu, compreendem realmente o que acontece ali, as energias e as dimensões que se entrecruzam, em uma pequenina fogueira.
Pensamento curioso, mas não parou ai, imediatamente uma presença se fez sentir, parecia que havia alguém atrás de mim, ainda mais sendo noite e em local deserto e na boca da mata, me virei e uma das arvores, a que estava mais próxima de mim se destacou.
Olhei para ela e percebi que não era uma arvore qualquer, até mesmo porque lá havia muitas outras, mas então mentalmente ouvi:
“É um guardião, ás vezes eles assumem essas formas em missão, para executar entre outras coisas tarefas de vigilância”.
Mais ensinamentos: Porque um guardião ficaria ali “estático” e “parado” ali naquela árvore, sabe-se lá quando tempo já estaria ali, e por quanto tempo mais lá ficaria. Acredito que era um natural, um guardião do reino vegetal.
Pensando um pouco mais, compreendi que o tempo deles não é igual ao nosso, para ele ficar ali era como se fosse uma fração segundos, um piscar de olhos.
Estava evidente para mim que dentre outras energias, a força e a atuação do tempo também estava ali presente e atuando fortemente, e o guardião estava ali vigiando e cuidando daquele pedaço da criação divina, inclusive de pessoas como eu que talvez pudessem fazer alguma bobagem com aquele fogo que aquecia e iluminava a nossa noite.
Fiquei mais algum tempo absorvendo os ensinamentos e as energias ali presentes, a mata, as árvores, o fogo, um verdadeiro presente, quando me lembrei do ponto: “ Que fumaceiro é aquele na jurema… “ , e não resisti, pequei um pouco de arruda, alecrim e manjericão, que estavam na hortinha ali próxima, agradeci ao Pai Maior e coloquei na fogueira, que com muito amor e carinho espargiu aquelas essências, abençoando e perfumando o ambiente ali próximo.
Quantos ensinamentos podemos obter quando abrimos o nosso coração, ampliamos os nossos sentidos de forma a nos integrar ás forças divinas, pois elas estão presentes em todos os recantos.
Mais do que a forma, devemos nos ligar a essência.
Para alguns tudo isto é muito obvio, para outros é um absurdo, é fantasia, para outros é aprendizado, mas o importante é ter fé, é acreditar.
Paz e Saúde á Todos,
Antonio.
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